Sunday 20 November 2016

WINNER TAKES ALL (II) (Aventuras dum galego na Inglaterra)

Disque quem começa mal acaba mal, e isso mesmo é que eu pensei após o primeiro jogo de Portugal nos Europeus, contra a Islândia. E os jogos a seguir parecia que iam confirmar a sabência popular, porque Portugal apenas conseguiu apurar-se pràs eliminatórias por um triz, mercês à nova regra que permitia o apuramento do terceiro classificado (num grupo de quatro equipas!). Se bem o probe jogo de Portugal nom me surpreendeu muito, visto como vinha jogando nos últimos tempos, eu fiquei um algo abraiado pola pouca simpatia, mesmo xenreira, que a nossa equipa suscitava, acô na Inglaterra. Falo do que ouvim falar e mais dos comentários dos internautas futeboleiros. Portugal nom só era umha equipa sobrevalorizada, mas ainda dava nojo vê-la jogar, a arranhar empates e mostrar-se incapaz de faguer qualquer jogo positivo. De facto, segundo chegeui ao trabalho, no dia seguinte ao devandito primeiro jogo, encontrei esta mensagem, enviado por um colega, na minha caixa de emails: 

Iceland – part timers 1 and the mighty Portugal ????
Heads will roll!!!

Love it.

Abonda isto como exemplo da simpatia que o britâncio sinte polos «underdogs», sejam chaínhas ou nom, mas nom só: ver um poderoso Portugal, co seu todo-poderoso Ronaldo, falir perante umha equipa claramente inferior, é motivo de alegria. De facto, mesmo quando Portugal conseguiu o apuramento, dessa forma tam ruim e aqui vista como injusta, o pronóstico dos comentaristas era sempre pra umha derrota de Portugal no próximo jogo. Portugal havia ser esmagado pola Croácia, a sua boa sorte havia rematar em Polónia, a Bélgica ou o Gales haveriam colocá-lo no seu lugar de batoteiros e choramingões, e já na final a Francia havia malhar três ou quatro golos em Portugal ... E isso sem falar da Ronaldofobia, dos Ronaldo-haters, sempre a alongar o seu ódio por Ronaldo a toda cousa portuguesa. É triste ver coma um país que históricamente foi um grande aliado dos britâncios, é assi bulrado e desprezado, mesmo que seja só no eido futebolístico.

Em qualquer caso, eu resolvim, no que a mim tocava, nom responder a essas críticas e ataques, senom polo positivo: sim, é verdade, nós jogamos mal, tivemos muita boa sorte, apuramo-nos sem merecer, bla bla bla ... a humildade é a melhor maneira de fazer face a um mundo hostil.

Mas um belido dia ocorreu que à Inglaterra quadrou defrontar os «part-timers» da Islândia, e nom só nom conseguiu vencê-la, mas ainda perdeu e ficou eliminada. Agora os críticos e odiadores do Ronaldo virárom os seus ataques prà própria equipa, ou simplesmente desaparecérom em baixo da terra. E ao dia seguinte desta desfeita inglesa, com certeza a meirande humilhaçom já sofrida por eles, quando eu cheguei ao trabalho pensei por um intre retrucar àquela mensagem do colega, já que nom lhe retrucara no dia, com algo como

Did you love Iceland? Not half as much as me, mate 

Mas decontado cuidei que este tipo de mensagens nom seria cousa muito positiva, prà nossa imagem, e poderia mesmo acrescentar o ódio que já nos dedicam. De modo que eu, pra nom ser qualificado como «the enemy within» limitei-me a reproduzir as mesmas atitudes que os ingleses haveriam mostrar naquele dia. Afetando ora certa indiferênça, ora criticando a inutilidade do chaínhas do treinador, ora a inutilidade dos chaínhas jogadores, ora mudando de tema de conversa. E como o inglês é umha persoa incapaz de levar-se a sério, tamém nom faltárom piadas sobre a própria desfeita:

"England should struggle to beat Aldi, never mind Iceland" (que é tamém umha cadeia de supermercados)
"Hodgson, the only man in England with a coherent plan for leaving Europe" (em alusom ao Brexit, votado no dia anterior)
"Just to remind you once again: even if England lose we don't go out of the tournament until we invoke Article 50."
"Only England could manage to exit Europe twice in one week "
"England couldn’t even beat the Choco of Redondela or the Rápido of Bouzas" (equipas de chaínhas galegas onde as houver)

Chegando ao final daquele preto dia preto (nom tam preto pra mim), o ambiente na sala onde eu e os colegas estavamos ligados em cadanseu computador tornava-se por momentos deprimente, ninguém falava. O ar podia-se cortar cum coitelo, e assi veu-me um súpeto impulso terrorista. Voltando-me pra umha colega, decidim largar a bomba, na forma dumha pergunta inocente, e tamém com cara de inocente:

«Maruxinha (o nome é falso, pra que nom me detetem), e logo viche qualquer cousa interessante onte na televisom?»

De relance, apercebim coma o meu colega da mensagem islandesa ia afundindo, aos pouquinhos, a cara no teclado do seu computador.




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